Como lidar com a pressão acadêmica
Por: Ana
Carolina Fernandes Cunha; Gabriele Pimentel Cavalcante; Gustavo de Barros Alves
da Cruz; Jurandi Dias de Lima; Maria Teresa Corsino Laudares
A vida do estudante pode ser muito estressante, aprenda a como enfrentar essa fase
A vida do estudante pode ser muito estressante, aprenda a como enfrentar essa fase
Fonte: Timothy Keller/Flickr
O
índice de jovens de 15 a 29 anos alcança cerca de 30% do índice geral de
suicídio no Brasil, segundo dados do DataSUS de 2015. A pressão psicológica da
família, junto com os desafios enfrentados na vida acadêmica e a necessidade de
aceitação e sucesso na vida profissional tem afetado cada vez mais a saúde mental
dos estudantes.
Uma pesquisa realizada em 2011 pela
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes) traçou o perfil dos estudantes das universidades federais e, para
isso, uma das áreas mapeadas foi a de recorrência de transtornos mentais nessa
parcela específica da população. A conclusão foi de que metade dos universitários
brasileiros havia vivenciado uma crise emocional no ano anterior e que o
transtorno que mais afetava o desempenho dos alunos era o de ansiedade, com o
qual 70% dos entrevistados se identificavam.
BONS HÁBITOS
A
psiquiatra Susy Alfaia, do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
(SIASS) da Universidade Federal de
Goiás (UFG) acredita que adotar bons hábitos de vida no cotidiano ajuda a
evitar a ansiedade. Para ela, tratamento nos casos de ansiedade e depressão são
individualizados, uma vez que se manifestam de maneiras diferentes de pessoa
para pessoa e nem todos os casos exigem medicação, pois muita vezes um auxílio
psicológico e o apoio da família já são o suficiente para amenizar os sintomas
da doença. “Os antidepressivos de um modo geral, podem ser usados durante um
período de tempo maior, enquanto que outras medicações são indicadas apenas
para os períodos de crise”, ressalta Alfaia.
AMBIENTE
Para
a psicóloga Viviane Sousa, do programa Saudavelmente da Universidade
Federal de Goiás (UFG), o ambiente de pressão e competição são constantes tanto
para estudantes, quanto para professores e técnicos administrativos na
comunidade universitária. Ela comenta que há alguns processos na vida
estudantil que podem levar o jovem a vivenciar um período de estresse elevado.
FASES
O
primeiro processo ocorre na fase de transição do ensino médio para o
universitário, ao ocorrer uma ruptura muito grande em relação a vida
estudantil. Se antes havia um acompanhamento mais próximo dos professores e dos
pais, agora o jovem passa a experimentar uma maior autonomia para gerenciar a
vida estudantil. “Em um primeiro momento, toda essa liberdade pode soar atrativa,
mas depois muitos não ainda não possuem recursos para lidar com as
consequências de suas escolhas. Nessa fase, o jovem também passa a ter um novo
perfil de estudante. Muitas vezes era um bom aluno no ensino médio e, depois,
passa a ter que lidar com notas mais baixas, nota zero e até mesmo reprovação
em alguma disciplina”, pontua Viviane.
PRESSÃO DO MERCADO
Já
na etapa final do curso, existem as pressões para que este seja concluído
dentro do prazo previsto e preocupações com o ingresso no mercado de trabalho e
se é o momento ou não de continuar na vida acadêmica e fazer uma pós-graduação.
“Para lidar com todas essas pressões, alguns jovens acabam se privando
excessivamente do sono e da convivência com os amigos para estudar. Vão se
privando do que é prazeroso e abrindo mão da qualidade de vida. Isso acaba
tendo reflexos na saúde mental do indivíduo”, afirma Sousa.
AJUDA NECESSÁRIA
Sousa
ressalta que as pessoas demoram a perceber que estão precisando de ajuda e, em
outras vezes, vão negligenciando o autocuidado e só procuram por profissionais
em saúde mental quando já estão bem adoecidas. “É preciso buscar essa ajuda o
quanto antes, para evitar um maior comprometimento da saúde e até mesmo o
afastamento da vida acadêmica”, conclui. Ela lista cinco ações simples, para
serem adotadas no cotidiano, que podem ajudar a evitar a ansiedade: ter um
hobby, uma atividade prazerosa; ser organizado; conversar com alguém querido;
dormir bem e cuidar da alimentação.