A abordagem de cultura e a comunicação das organizações

Profa. Dra. Maria Francisca Magalhães Nogueira

Vale ressaltar que à abordagem de cultura aqui têm os limites de um texto para um Blog e, também, foge da abordagem típica dos estudos da área de administração sobre cultura das instituições, por entendê-los mais normativos.
Os estudos da cultura ganham importância no universo das organizações por trazerem consigo elementos cheios de significados – tais como saberes, técnicas, valores, mitos e símbolos. Desta forma, pode-se dizer que cultura organizacional “se encontra em processo contínuo de transformação, em que todo gesto, toda palavra, no âmbito do indivíduo ou do grupo, toda relação, cria condições novas no interior da cultura” (Nogueira , 2008, p. 139).
Por meio da cultura organizacional é possível captar a lógica das relações internas, suas contradições e mediações para melhor compreender os estágios administrativos, os sucessos e fracassos organizacionais, as facilidades impostas, as possíveis mudanças que podem vir a ser implementadas; bem como construir o processo de comunicação na organização.
Por outro lado, a comunicação é uma instância importante para a difusão e consolidação da cultura das organizações. Através da comunicação formal - composto por um leque de canais tais como: formulários, cartas, memorandos, relatórios, folders e reuniões formais -por exemplo, podem ser transmitidos aos participantes da organização, as normas, estratégias, políticas, posicionamentos e atitudes da mesma.
Não há dúvida de que percebemos a cultura nas relações de comunicação e vice-versa, porque estão em coprodução. Como afirma Morin (2003), “A comunicação ocorre em situações concretas, acionando ruídos, culturas, bagagens diferentes e cruzando indivíduos diferentes”.
Dessa forma, as instituições se veem no seio de sua cultura, que é sempre própria. Então, se toda empresa tem uma cultura própria, há cada vez mais necessidade de se inserir no mercado de forma não igual. A necessidade de se inserir no contexto com identidade própria, muitas vezes, provém do desconforto e do descontentamento de seus públicos consumidores com ‘não-lugares, na acepção Augé (1994), que seriam lugares destituídos de identidade. Sendo assim, as instituições buscam um lugar no cenário onde estão localizadas, vestidas de sua singularidade. No entanto, para isso, há que se conhecer por dentro. Daí a necessidade de uma visão multidimensionalizante para conseguir perceber que no concreto de suas políticas, estratégias e ações de comunicação está impressa sua cultura.