O
Dia das Mães sempre foi uma das datas mais importantes para o comércio
brasileiro, ficando atrás em vendas apenas do Natal. Em 2020, mesmo passando
pela pandemia da COVID19, 7 em cada 10 brasileiros pretendem presentear suas
mães e, destes, 82% considera realizar compras online (Globosat, publicado em
29/04/2020). Como as pessoas estão ressignificando seus sentimentos e também
suas formas de comprar em datas como estas?
Usualmente,
81% dos brasileiros costumam comemorar o Dia das Mães, porém, 31% diz que não
pretende comemorar em 2020. Os motivos incluem não poder encontrar a família
(45%), não querer comemorar (18%), não estar animado (17%), nenhum motivo
especial (10%), não querer gastar (4%), ter outras prioridades (4%), não querer
o trabalho de fazer uma comemoração (2%).
É
notória a carga emocional trazida pelo contexto que atravessamos. Sentimentos
como solidão, frustração, medo e insegurança tomam conta das pessoas, acabando
por guiá-las em seus comportamentos. Fomos parar naquela ilha deserta sem
direito a decidir quem ou o quê levar, sem garantias e sem tempo estabelecido
de retorno. Ficamos em nossas casas. Tornamo-nos ilha.
Apesar
do “clima negativo” no ar, a pesquisa da Globosat mostra que 57% dos
brasileiros acredita que aumentou a importância em se comemorar o Dia das Mães.
O gasto com o presente será em média 25% maior em comparação a 2019 e mesmo com
as medidas restritivas, 50% dizem que irão entregar pessoalmente os presentes,
37% via correios/motoboys e 14% virtualmente.
Quanto
ao comportamento de compra, não houve alterações significativas nas escolhas
dos produtos. Os consumidores levam em conta as dicas das próprias mães (54%),
recomendação de amigos ou familiares (32%), anúncios na TV e no meio digital
(24%). As 5 principais categorias de produtos são perfumes, roupas,
chocolates/doces, flores e acessórios.
Os
novos hábitos incluem trocar a ida a restaurantes por pedidos delivery; realização de passeios por
assistir TV/Streaming, acessar a
internet e/ou jogar games; juntar a família por videochamadas. Apesar do
distanciamento social, reunir a família é essencial, a diferença é que agora as
reuniões são mediadas por Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
(TDIC).
Outro
novo hábito diz respeito às compras online, solução frente à pandemia. Os
motivos para não considerarem as compras online são medo de não receber no
prazo (36%), não realizar compras online (27%), medo de contaminação (15%),
acreditar que está mais caro (11%), pretensão de comprar em loja sem e-commerce
(8%), insegurança das transações financeiras (8%).
Apenas
para ressaltar aqui, o mundo das mães (sabemos) não tem o glamour dos
comerciais. Segundo o IBGE, o número de “mães solo” no Brasil saltou de 10,5
milhões para 11,6 milhões entre 2005 a 2015; 56,9% das famílias comandadas por
mulheres vivem abaixo da linha da pobreza; e 5,5 milhões de crianças não
possuem o nome do pai em suas certidões de nascimento.
Um
dia eu ouvi que “Onde tem uma mãe cansada, existe uma rede de apoio
insuficiente”. A rede de apoio é fundamental em qualquer época, mais ainda quando
temos que conciliar casa, trabalho, filhos (fora da escola), saúde (inclusive
mental), pai ausente ou rede insuficiente, tudo ao mesmo tempo. Mães fazem o
seu melhor e isso já é pra glorificar de pé! Ser mãe é ser resiliente, é “saber
meditar no meio de um tufão (pandemia?), sem ser levada por ele”.
Muitas
vezes o que uma mãe mais quer é um abraço (virtual que seja), um pedido de
desculpas, o reconhecimento pela dedicação. Pode ser também só lavar as
vasilhas ou cuidar do bebê enquanto ela toma banho, dorme, trabalha ou, com
sorte, vê um filme na TV/Netflix. Hoje tenho a alegria de compartilhar a minha
maternidade com a minha mãe e minha irmã. À elas, essas mulheres fortes e
guerreiras, a minha homenagem. À todas as outras, também.
Feliz
Dia das Mães!
Por Prof. Ma. Thâmara Vilela,
professora de Relações Públicas na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC).
Mãe do Dudu, o bebê mais lindo do universo!
Referências/Fontes: