Maria Francisca Magalhães
Nogueira**
Domingo à tarde passei
bem uma hora numa chamada de vídeo com minha amiga e colega de Faculdade, Maria
Francisca, mais conhecida como Francis. O que eu gostaria mesmo era de uma
conversa presencial, precedida de um abraço, acompanhada de um vinho tinto seco.
Mas, o protocolo diz que não. A conversa
girou em torno, óbvio, da Covid-19, começando por comentar que algumas pessoas
estão evitando dizer o nome daquilo que chamam “a coisa”, como se evitando
falar o nome estivesse evitando a realidade.
Uma realidade difícil de
ignorar por mais que a gente feche os olhos e os ouvidos aos canais de TV que
falam sobre o assunto o dia inteiro. Fazer de conta que não existe não é um bom
caminho: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Comentei com ela que a idade me caiu assim, de repente, ou talvez a
consciência dela, quando me incluíram no grupo de risco, quando começaram a
brincar de caminhão cáta véio. Foi aí que percebi que vitalidade não faz
diferença na certidão de nascimento. Ela concordou. Até porque nascemos no
mesmo ano.
Envelhecer não tem nada
de estapafúrdio, mas é surrealista porque leva um tempo pra você acreditar que
chegou lá, a ficha demora a cair. A conversa foi estapafúrdia porque começamos
a divagar, assim sem prova nenhuma, apenas apelando para receios que assomam devido a uma série
de fatos políticos e ilações suscitadas pela observação do dia a dia dos fatos. O governo (com letra minúscula mesmo) não
queria tanto e conseguiu fazer uma reforma da previdência que utilizou como argumentação um grande número
de aposentados que dão prejuízo ao erário público? Então, o que significa chamar de “gripezinha”
uma pandemia assim reconhecida pelo Organização Mundial de Saúde, O que
significa dizer que “homem que é homem
não pega a doença”, atleta também não?
Ora, se esses grupos não
pegam a doença, sobrou pra quem?
Mulheres, fracotes e, especialmente, os velhos. As pessoas estão
morrendo diariamente cada vez mais? E daí? disse Ele. Há dez anos atrás, eu diria que essa conversa
era sobre um filme de ficção bizarro, sem cientificidade alguma. Comédia? Não.
É sério demais pra rir. Mas, que o representante máximo da Nação –
infelizmente, até hoje não entendi bem
como isso aconteceu - tem rido na nossa
cara, feito pouco das pessoas minimamente inteligentes, isso ele tem.
Enfim, será que fazendo pouco da pandemia,
fazendo pouco da vida humana, deixando
de tomar as providências que vemos por parte dos representantes das Nações de
primeiro mundo (Óbvio que os EUA não estão
incluídos), será que assim fazendo “ele” quis resolver à maneira dele o
problema com os velhos, com os pobres? E
essa é outra ilação – que me perdoem meus colegas de academia pela divagação –
mas , deixar milhões de pessoas correrem para a Caixa Econômica Federal em
busca dos 600 reais prometidos, muitos sem máscara, sem observar o
distanciamento, não é uma estratégia maligna de acabar com os pobres, ao invés de
buscar saídas para a pobreza? Sim,
porque o contágio nesses locais é iminente.
Outros temas vieram à
tona, como a ilação, até hoje não comprovada por fontes seguras, de que a China
teria fabricado o vírus em laboratório para desencadear uma guerra biológica. Será?
Convenhamos, quem ganharia com isto e de que forma, se os próprios chineses
tiveram baixas humanas e prejuízos econômicos?
A conclusão a que chegamos, Francis e eu, foi a mesma: ficar em casa
mexe com o juízo da gente e o melhor mesmo é que tudo isto passe e que possamos,
num futuro breve, assistir um bom filme, de preferência um documentário,
contando o que realmente aconteceu.
* Divina Eterna Vieira
Marques é professora do curso de Relações Públicas da Faculdade de Informação e
Comunicação da UFG , Doutora em Ciências Ambientais (UFG), mestra em Filosofia
(PUCCAMP) , especialista em Políticas Públicas (UFG).
**Maria Francisca
Magalhães Nogueira é professora do curso de Relações Públicas da Faculdade de
Informação e Comunicação da UFG, Doutora em Ciências Sociais pela PUC de São
Paulo, mestra em Comunicação pela USP.