Divina Eterna Marques
Divina Eterna Vieira Marques é
professora do Curso de Relações Públicas da FIC/UFG. Doutora em Ciências
Ambientais (UFG). Mestra em Filosofia (PUCCAMP). Especialista em Políticas
Públicas da UFG.
Maria Francisca Magalhães Nogueira
Professora do curso de Relações
Públicas da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal
de Goiás (UFG). Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP). Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Coordenadora o Grupo de Pesquisa Complexidade e Comunicação da UFG/CNPq. E-mail: mfrancisnogueira@gmail.com.
Talvez percamos
muito da comunicação gestual e visual em nossas reuniões de trabalho, através
da videoconferência, neste período de isolamento social. Este assunto surgiu de
indagações das autoras acerca deste meio de comunicação entre nós professores.
À primeira vista
não deixa de ser tentador considerar que a reunião realizada com câmera de
vídeo pode substituir as reuniões presenciais. Só que em nossa conversa
chegamos à conclusão que perde-se parte das expressões faciais e dos gestos
físicos. Afinal o corpo fala e muito nas reuniões presenciais.
Em uma
videoconferência as expressões físicas ficam muito limitadas, porque há duas
dimensões em vez de três. Geralmente ficamos sentados e quietos. Só vemos os
rostos dos participantes. Ao contrário das reuniões presenciais. “Quem não se
lembra de alguma reunião que tenha participado onde se percebeu caras e bocas,
olhares atravessados, sorrisos de canto de boca, olhares distantes ou punhos
cravados na mesa” (Nogueira e Faria. A comunicação não-verbal nas organizações:
o corpo fala. Comunicologia: Brasília, 2013, p. 115).
É claro que o
corpo como linguagem não-verbal, comporta um mundo de significações. Ele pode
dizer muito acerca dos interlocutores, das instituições e de sua forma de se
comunicar. É que, de certa forma, a linguagem veiculada por meio do corpo é
fabricada e modulada pela cultura da instituição. Sendo assim, para o
entendimento das relações entre as pessoas, deve-se tentar analisar o que a
linguagem corporal está dizendo, considerando-se que somos indivíduos únicos.
Então, os gestos podem ser reveladores das relações de comunicação entre nós.
Afinal, o corpo fala, expõe ‘verdades’, reforça ideias, enfim dá ênfase a
comunicação. Poder-se-ia, então, perguntar: será que vamos perder, com o tempo,
este mar de mensagens que comunicação gestual nos traz? Será que vamos dicotomizar
a linguagem verbal e gestual reafirmando o pensamento cartesiano, que separa
corpo e alma – res cogitans/ res extensa? Tomara que não. Passada esta pandemia
espera-se voltar a nos reunir presencialmente, obviamente sem menosprezar as
vantagens de unir reuniões online com reuniões presenciais.