Instituto
Confúcio
O Instituto Confúcio é um órgão
público chinês criado em 2004 para promover a educação, idioma e cultura
chinesa no exterior. A sede da
organização chama-se Hanban, fica em Pequim e já possui filiais nos cinco
continentes. O nome do instituto é em homenagem ao filósofo Kong Fuzi, que
revolucionou a maneira ética chinesa 500 anos antes de Cristo. Em 2017, o
Instituto Confúcio abriu aulas no Centro de Línguas da Universidade Federal de
Goiás após uma visita do reitor à China. Algumas organizações afirmam que, além
de promover o acesso ao ensino de mandarim, o Instituto Confúcio também serve
como plataforma internacional de propaganda chinesa. Os professores são
formados em mandarim para estrangeiros e aplicam Exame HSK (teste de proficiência em
chinês), além de ensinar hábitos sociais da China contemporânea.
A sede do Instituto Confúcio no Brasil fica na PUC-RIO. A
diretora nacional chama-se Qiao Jianzhen que, para facilitar a pronúncia dos
brasileiros, adotou um nome típico do Brasil, Ana. Os brasileiros que se tornam
alunos do Instituto Confúcio recebem um nome chinês com algum significado
cultural. Jianzhen afirma que o crescimento econômico chinês nas últimas
décadas possibilitou uma maior demanda de aprendizado sobre o seu idioma nativo.
Quando questionada sobre a relevância de Confúcio na sua vida, a diretora o
comparou a instituição batizada de Confúcio com o Instituto Cervantes, que se
dedica a ensinar espanhol pelo mundo. Qiao revelou que os ensinamentos de
Confúcio estão presentes no leste asiático em torno de 2500 anos. Desde a sua
infância ela escutou sobre legado do filósofo através da importância da escola,
maneiras de como agir diariamente e dos deveres das futuras gerações de
respeitar os mais velhos. Jianzhen se disse fascinada pelos brasileiros, pela
sua cultura e história. A chinesa chegou ao Brasil pela primeira vez em 1999,
faz constantes viagens para ver sua família na China e quer contribuir de
maneira positiva com as relações sino-brasileiras. Ana manifestou que é urgente
o ensino de mandarim no Brasil para a criação de pontes entre ambos os países e
para o fortalecer e entendimento mútuo entre as nações. A diretora chinesa
reclamou que teve muito estresse burocrático para aumentar o seu tempo de visto
aqui.
Início desse ano, a professora chinesa Li Beibei chegou na
Universidade Federal de Goiás. Li estuda português, contudo, não é fluente
ainda. Beibei chegou em uma estruturação melhor do Instituto Confúcio em
Goiânia, têm mais alunos e faz mais atividades culturais. Li respondeu algumas
perguntas sobre a sua vida e sobre a instituição onde trabalha.
1-
Qual é o sentimento de fazer parte do Instituto Confúcio como
professora e representante da cultura chinesa?
Penso que é uma honra fazer
parte do Instituto Confúcio, pois sou uma voluntária para ensinar minha língua
materna no Brasil. Então, eu sacrifico eu mesma para promover a cultura
chinesa.
2-
Como chinesa, como o grande filósofo Confúcio influencia sua
vida? Muitas pessoas comparam ele a um Jesus Cristo chinês, ou Buda ou
Sócrates.
Confúcio acreditava que a
concepção humana era generosa, ou seja, significa que todos deveriam ser
generosos e tratar bem o próximo. Porém não era um deus, ele tinha algumas
concepções ruins pois não tratava bem as mulheres e apoiava um costume
tradicional de sacrifícios após a morte do monarca O que você sentiu enquanto estudava mandarim para
estrangeiros? Isso parece interessante para nós brasileiros pois não temos
nenhum projeto similar.
Penso que ensinar a língua
materna é algo muito bom porque meus estudantes não sabem nada sobre os chineses.
Eu dou a eles frases para que eles possam ler, falar e estudar. Talvez a
pronuncia seja interessante porque as nossas letras são totalmente diferentes.
Acho que todos os idiomas têm coisas especiais, então, para mim, se eu
estudasse mais português, também seria mais interessante.
4-
Como está sendo a experiência de se adaptar em uma cultura
diferente?
Antes de eu vir para o
Brasil eu pensava que seria mais difícil de se adaptar a outra cultura.
Entretanto, depois que cheguei no Brasil não foi tão difícil, porque eu sei que
países tem outras culturas, então me adaptarei minhas atitudes para encarar sua
cultura e aceitá-la. Acho que para mim torna-se mais fácil de aceitar uma
cultura diferente. Acho que o principal ponto é o respeito a outras culturas,
se você as respeitar, você também receberá respeito.
5-
Por que você veio ao Brasil?
Agora eu sou uma mestra,
então escolhi o Brasil para ensinar meu idioma, pois a sede do Instituto
Confúcio coopera com a minha universidade. Tornou-se mais fácil vir para cá do
que para outro lugar. Tive chances de escolher outros lugares, mas escolhi o
Brasil.
6-
Você pretende ficar no Brasil ou voltar para a China?
Estou pensando em ficar no
Brasil mais um ano, talvez eu escolha outro país. Quero ter experiências com
outras culturas e conhecer outros países. Talvez depois talvez eu volte para a
China.
7-
Você concorda com o movimento popular para libertar Lula da
prisão?
Eu não conheço muito sobre a
história do Lula e da Dilma, mas se alcançou algo construtivo, é melhor
soltá-lo. Eu sei que o governo brasileiro não é muito bom, os governantes
coletam muito dinheiro para si mesmos e existem pessoas que não tem uma boa
qualidade de vida. Acho que o governo de vocês deveria ter mais alma e a
economia brasileira se desenvolveria bastante. Os brasileiros não pensam muito
no bem-estar comum, pois eles não querem dividir suas coisas para melhorar a
economia dos seus próprios países. Um país assim não se desenvolve bem.