Simone
Antoniaci Tuzzo[1]
A complexidade na formação da opinião dos diversos públicos está
intimamente atrelada às transformações sociais. A comunicação possui a responsabilidade
de dar respostas e ser eficiente diante dos novos cenários, e também de formar a
imagem e os conceitos relacionados aos diversos públicos.
Ninguém
muda a opinião do outro, apenas gera uma nova concepção, que poderá modificar a
anterior. Assim, gerar uma opinião depende da imagem que se consegue passar.
Para tudo aquilo que se pode ter uma opinião, pode se ter uma imagem e um
formador de opinião que trabalhe neste processo.
Uma opinião se edifica a partir dos valores,
impressões, motivações e experiências que um sujeito possui a respeito de um
bem ou serviço, mas também a partir dos valores, impressões, motivações e
experiências de outras pessoas. Além dos bens e serviços podemos ter opiniões
sobre pessoas, lugares etc..
Assim, num mundo permeado por informação, as pessoas
podem criar suas opiniões a partir de seus próprios conceitos ou de conceitos
expressados por outras pessoas. Não qualquer pessoa, mas sim os formadores de
opinião, distintos para cada grupo, para cada público, pois cada pessoa pode
ter um ou mais líderes que opta por seguir, pessoas com um grau de influência e
de persuasão adquiridos pelas mais variadas formas e cujas concepções possuem o
poder de influência.
Não é correto dizer que as pessoas mudam as opiniões de
outros, mas sim que ao emitirem suas opiniões e informações, gerando novos
dados, elas podem modificar o pensamento original que outrem possuía. Assim, ninguém
altera sua opinião pelo simples fato de alguém dizer que aquele pensamento deva
ser mudado, mas novos pontos de vista, novas visões surgem e ao se apresentarem
socialmente, são capazes de inferir em novas opiniões.
Quando falamos de opinião pública, na verdade estamos
falando de um grupo social que consegue pensar e manifestar sua opinião sobre
coisas, relações, circunstâncias, pessoas, fatos, questões, instituições,
exercendo uma função de mecanismo-guia, que estabelece os contornos daquilo que
é possível para a sociedade.
Neste sentido, os formadores de opinião ganham atenção
especial, pois são eles que poderão exercer esse grau de influência sobre as pessoas,
integrantes de públicos distintos. E isso vale tanto para formadores de opinião
que estão na mídia, quanto para aqueles que mesmo fora da mídia possuem alcance
de voz para públicos específicos, contudo, na sociedade contemporânea em que
vivemos, balizada pelos meios de comunicação de massa, aqueles que possuem a
ampliação de voz pelos canais de comunicação e a chancela de credibilidade se
destacam.
Costumo trabalhar com a ideia dos 4 Ps que possuem influência social, quais sejam, o pai, o professor,
o político, o padre/pastor; representantes simbólicos da família, escola,
Estado e igreja. Se os analisarmos veremos que e a própria Igreja se apropria
hoje de canais de televisão para que a voz do padre/pastor seja legitimada pela
estética televisiva de reconhecimento de valoração e passe a ser utilizada pela
sociedade muito mais porque adveio da televisão do que dos templos religiosos e
com isso transformam os seus interlocutores em celebridades midiáticas, com
reconhecimento de voz. O político faz o mesmo. Já o professor e o pai, por não
estarem na mídia, vêem suas opiniões questionadas por pessoas da mídia que nem
sempre possuem a mesma qualificação, mas possuem status de celebridade.
Não
trabalharemos aqui com a ideia que a mídia tem poder, mas sim que o discurso
tem poder e, que tendo na mídia uma amplificação de voz, possui um alcance
maior do que os discursos dirigidos especificamente para cada público. Além
disso, as pessoas que ilustram a mídia adquirem o deslumbramento da fama pelos
fãs que contraem e por isso a possibilidade de admiração social, o que faz com
que suas ideias sejam transmitidas de forma legitimada pela concepção
midiática.
Se
pensarmos nas emoções, sensações e na relação estética, que compõem o processo de
construção da opinião pública não fazemos referência somente à mídia, mas
também a uma atividade social discursiva que pode ser presencial, para uma
audiência menor em quantidade, mas não em qualidade e grau de referência para
públicos distintos.
Com
relação ao volume de informação, estamos vivendo em uma era onde ter informação
já não é mais um problema em termos quantitativos. Em nenhuma outra época a
informação foi tão abundante, mas informação não é comunicação. Comunicação
pressupõe a compreensão do receptor e deste ponto a sociedade está cada vez
mais distante. A informação é algo acessível, mas a possibilidade de
interpretação é um tanto mais complexa, sobretudo em um país como o Brasil onde
mais de 50% da população é analfabeta funcional, incapaz de processar uma
informação simples.
Na
sociedade contemporânea, a internet tem também se caracterizado como
construtora destes líderes com a proliferação de blogueiros e vlogueiros que
exercem poder de persuasão sobre seus seguidores nas mais diversas áreas. O
processo não é novo e os jornalistas e articulistas de jornal impresso ou
âncoras e apresentadores de televisão também exercem esse papel, mas a dinâmica
dos meios de comunicação redesenha essas personalidades e seus graus de
influência pública.
Assim,
expressar uma opinião pode ser algo feito a partir das impressões ou
experiências que cada indivíduo possui; mas também pode ser pautada nos
relatos, registros e informações dos líderes de opinião que são cultuados por
cada sujeito, e a quem é delegada a responsabilidade de formar e expressar uma
opinião. Desta forma, essas pessoas passarão a multiplicar informações com
respaldo de seus líderes, isentando-se da responsabilidade de sustentação de
uma ideia, tendo em vista que existirá sempre um responsável acima delas para
ser indiciado ou elogiado. Se for elogiada, agradecerá a glória; se for
criticada colocará o conteúdo em alguém com maior expressão social afirmando:
quem está dizendo é fulano... vai questionar?
[1] Simone
Antoniaci Tuzzo é Relações Públicas, Pós-Doutora em Comunicação, professora
do Curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Goiás – FIC - UFG. Site:
simonetuzzo.com