Maria
Francisca Magalhães Nogueira
Doutora
em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP), Mestre em Comunicação pela ECA/USP e Professora do Curso de Relações Públicas
da UFG.
mfrancisnogueira@gamil.com
A
pandemia do novo coronavírus, responsável pela covid-19, está impondo uma
realidade inédita, ou seja, uma nova forma de sociabilidade, que, de certa
forma, pode estar provocando um desconforto emocional em decorrência do
confinamento. Afinal, como está sendo ficar em casa compulsoriamente? Que
conflitos familiares estão surgindo? Como está sendo o trabalho em casa? Estas
e muitas outras questões podem ser objeto de pesquisa de comunicação,
inclusive, de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), já que a ideia e a prática
das Relações Públicas têm seu fundamento precípuo no animal social, “político”
de Aristóteles, que procura a companhia de seus semelhantes para se comunicar.
Não
há dúvida que todo mundo quer experimentar a busca do outro em relacionamentos dos
mais diversos. No entanto, quando isto se torna um impositivo em função do
momento que estamos vivendo – de isolamento social -, talvez se transforme em
problema e traga transtornos dos mais diversos possíveis. Não é algo simples,
de uma hora para outra, os lares serem transformados em escola para as
crianças, escritório para home office
(trabalho em casa) e até mesmo em parque de diversão.
Há,
de certa forma, um desconforto emocional pairando no ar. Vê-se comentários em
família, nas redes sociais. Afinal, ficar em casa, para muitos, pode se
transformar em algo insuportável, enquanto que, para outros, é agradável. Isto
tudo pode apontar ou mesmo ser indicador do surgimento de formas de
sociabilidade ainda não vivenciadas. Talvez surja uma oportunidade de vivermos
de forma mais simples e mais caseira, respeitando os hábitos e as perspectivas
de cada indivíduo. Vale ressaltar que há sempre a possibilidade de inserção de
elementos novos na cultura e, em função disso, formas diferentes de
sociabilidade.
Talvez
seja o momento de investigarmos as novas formas de agir e, de fazer antes
estranhas à coerência do que vinha sendo operado na sociedade. É fato que, a
todo momento, a cultura se encontra em processo de transformação e que todo
gesto, toda palavra, toda relação, no âmbito do indivíduo ou do grupo, cria
condições novas no interior da sociedade.