A
Ciência como a conhecemos - que no último século e de maneira espantosa nas
últimas décadas se desenvolveu de modo absolutamente fantástico - por um lado
tenta compreender a humanidade em todos os sentidos; por outro determina a
nossa existência de modo definitivo. É a verdade da Ciência.
Quando
a mesma ciência que cura, define que você é portador de determinada característica
de personalidade, por exemplo, ela, (a Ciência) define o destino do homem de
modo absoluto e definitivo. Provavelmente nunca mais você se desvencilhará
deste “rótulo”. Até do controle da religião é possível se livrar, bastando
apenas deixar de acreditar em Deus. Da Ciência parece não ser possível.
Arriscamos
dizer que não há nada mais controlador do que a Ciência. É neste edifício
conceitual que estamos inseridos. Terceirizamos a vida pra Ciência. Atribuímos
a ela o poder de definir quem vai e quem fica. Quem somos e quem gostaríamos de
ser.
Baseados
na verdade científica, aspectos inerentes ao mundo natural foram estranhamente
interpretados e compreendidos e de certa maneira foram ao longo da história
negados, como a vida e a morte. De nada adianta ser rico ou pobre; branco ou
negro; anônimo ou celebridade. Em algum momento voltaremos à natureza.
A
capa civilizatória criada pela humanidade, sobretudo, após a Revolução
Industrial, separou em definitivo o homem da natureza, como se os serem humanos
estivessem distantes e protegidos dos movimentos naturais do mundo.
Neste
interim surgem as novas Tecnologias da Informação e Comunicação e as plataformas
digitais horizontalizaram a verdade científica e novos controles sociais
surgiram. A terra virou plana, as vacinas fazem mal à saúde e tudo foi relativizado
e naturalizado.
É
neste cenário de crise existencial que em meados de dezembro de 2019 o já
conhecido corona vírus (H1N1, SARS) surge na China com uma nova cepa. O chamado
novo corona vírus, ou Covid-19 como denominou a Organização Mundial da Saúde
(OMS). Agressivo, com alto poder de contaminação e disseminação. Um inimigo
invisível e silencioso. Decreta-se a pandemia, algo que a humanidade não
vivenciava deste a gripe espanhola do inicio do século passado.
Novamente
a Ciência foi chamada para combater esta nova realidade e ditar as novas regras
de convivência. Um novo controle social. Agora o isolamento e o distanciamento
social são as regras da convivência humana. Para o vírus as fronteiras não
existem; nem as diferentes culturais. Ele (o vírus) é global.
A
crise vai passar. A contaminação vai passar. A Ciência provavelmente vai
retomar seu lugar na humanidade. E você?
Você
vai ter coragem de construir uma nova verdade, ou seja, desconstruir a capa
civilizatória que lhe impede de viver a vida e lhe impede de encontrar o ser
natural que você é?
Certamente
não sairemos iguais deste momento. Se eventualmente sairmos não fomos capazes
de enxergar o controle social em que vivemos.
Prof.
Claudomilson Fernandes Braga
Doutor
em Psicologia Social pela PUC Goiás
Professor
da Faculdade de Informação e Comunicação – UFG.